Páginas

segunda-feira, 27 de janeiro de 2014

Lá câmbia dos versos







                    
Uma queda
De ar
Um ar puro
Um pulo
Um para - quedas
Um verso
Um pulôver
Um amor over
Uma morte de overdose
Uma dor inversa
Um animal mamífero
Uma alma dos ínferos
Uma rosa ínfima


 

 

 

 

 

segunda-feira, 20 de janeiro de 2014

Poema ardósia








                             
Na ardósia
Poesia tem folhagens
Tem frases
Tem palavras, desvantagens.

Na ardósia
Poesias banham-se de gostos
Nas margens dos poços.
Entram no simbólico,
Saem de sintaxe
Copulam de táxis.

Na ardósia
Poesias
Adentram os gestos,
Eriçam pelos,
Dobram os gastos,
Miam feito gatos.

Na ardósia
Poesia rebela-se
Em castelos.
Encastelam os reis,
Toma-se de uma só vez,
Jogam dama à três

 


 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

sexta-feira, 10 de janeiro de 2014

O jogo da velha








 

O Voo é um pensamento. O tiro é um pensamento que saiu pela culatra. John atira por que não sabia voar. Tinha marcas não do destino, mas sim em seus braços que eram marcas de jogo. John veio ao mundo tatuado de pequenos jogos da velha. Para cada amigo que fazia ele dizia complete. Tinha no seu corpo jogos perdidos e jogos vencidos. Na hora de morrer farei meu último jogo com o padre, ele me dará a extrema unção e fará minha última cruz. Para cada três atos que fazia na vida e que dava certo, pois ele era um azarado ou não prestava atenção na vida. Ele considerava uma linha do jogo da velha. Na verdade, John tinha pânico do retorno. Ele quando criança jogando bumerangue tinha horror quando aquilo voltava e ele tinha que apanhar. A lei do bumerangue era a lei do retorno, das ações que voltam para você, do amor que deu e que um dia uma mulher resolve retribuir. John portanto jogava velha na sua pele com os amigos, pois estes não precisam de bumerangues, toda vez que três ações davam certo para ele. Coisas realmente importantes que pesavam na sua vida influenciando-a ou interferindo na vida de afetos que lhe demandavam sua atenção. Ele ganhava os seus jogos. Três ações boas era suficiente para bota-lo em vantagem contra seus oponentes. Por isso John uma dia pulou do 10 andar de seu apartamento. Ele viu que todo processo de mentalizar e fazer e jogar era um voo. Era afastar-se do mundo palpável e subir para ver tudo lá de cima. Começou a ganhar o estampido no seu ouvido. O tiro é um pensamento que sai pela culatra do seu ouvido.  Nestas horas ele tinha medo quando uma nova tabela de jogo aparecia na sua pele, e um amigo chegava e perguntava vamos jogar? Neste dia ele tinha quase incendiado a casa com um cigarro que caiu no tapete. Um dia John conheceu a vizinha, e ela meio que pediu um pouco de açúcar para fazer um doce. Ele tinha uma ação a favor e uma contra. Portanto o jogo estava no empate. Claro a cada ação a favor ou contra, aparecia do nada um amigo com a caneta para marcar cruz ou bola. Ela bateu na porta e ele atendeu, tão bonita, que ele necessitaria de um desempate. Mas fazer o quê na frente dela? uma ação fortíssima que lhe fosse a favor, e um amigo colocando um cruz errada no lugar errado. E ele tendo a vantagem... Mas ele não podia agir na frente dela. Como ia explicar o aparecimento do nada de um amigo exigindo a continuação do jogo, ainda mais nas tatuagens. O voo é um pensamento. Sair momentaneamente de si poderia ser considerado um voo. E dentro deste voo, as três ações conseguintes poderiam lhe dar um novo ganho.    
conto por Fernando Andrade