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domingo, 30 de março de 2014

Uma questão de extensão










                              
Na horizontal
Cabem duas talvez
E mais um desejo exprimido.

Na vertical
Cabem um pé de cada vez
Com o outro na sola - doendo como um calo
Fazendo com que este não caiba de comprido.

Cabem na horizontal uma calça em cima da cama
Mais uma saia quadriculada mas não se sabe o quê?
Estas duas talvez a vistam e não sabemos o por quê

Cabem na vertical
Uma longa estante com livros gramaticais
Até o céu
E não se sabendo se estas duas tem religião
Freud explica as intermitências do eu  
Na terceira prateleira com alguns poemas em haicais.  

 

 

 

sexta-feira, 21 de março de 2014

Metafísica da Consideração












 

Assim como tua cabeça responde...
Os pés da mesa
Respondem ao tampo encaixado.

Um homem é um organismo onde
Tudo és como mãos, tronco, pernas
 Estão cobertos de peles.


A mesa não é um órgão
Mas, pode servir para a mãe contar os grãos
Para o pai se portar na cabeceira e exigir uma oração, antes da comida.

Nesta sexta-feira é importante nascer via gravidez
Tanto quanto a mesa ser um objeto com vida.      

 

 

 

 

 

 

quarta-feira, 19 de março de 2014

Vamos, gente!











       
Gente
Inteira
É gente vivente;
Não necessariamente inteligente.


Um pouquinho experiente
Com piteira e não palpiteira!


Gente de todos recantos
Gente que chega
E nós que vamos – gente hospitaleira!

Gente
- Este epiteto um tanto indefinido
Como diz o País – Gente Brasileira.
Gente que se populariza definindo a sua voz
Gente que eu vejo pela primeira vez!

 

 

 

 

 

terça-feira, 18 de março de 2014

Todo ser é de festa, toda gente externa











                            
 

 
Uma esfera lúdica
Fechada e única.
Como uma roda
Ela abre-se ao movimento.


Suas linhas agora
Não são mais contornos;
Seu espaço é o fora - a aurora
E não mais o de dentro.


Segue esta linha que já foi epicentro
De um núcleo;
Que já teve linhas de pensamentos.


Se eu te disser que não existe mais verdade
Em nenhum engendro, Não há máquinas,
Não há feudos, não existem mais pistas do núcleo que desapareceu.

 

 

 

 

 

domingo, 16 de março de 2014

Modelo para nos comportamos socialmente











                                       
Para que diversões?
Entre diferentes versões


Para que dúvida?
Se já há divergências


Para que emprego?
Se não existem agências.


Para que apego?
Se a vida está cheia de tensões


Há dois verões  
Um quente outro com extensões...

 
Há duas verdades
Uma verossimilhança  
A outra errante em seu ego


Há duas crianças
Uma educada em 8 lições
Outra esquecida em querenças.

 

terça-feira, 11 de março de 2014

Ribeirinho









                                       
 


Remenda os medos
E conte as fugas
Dos desdobramentos da sua
Obra
Em andamento do que possua,
Descubra os seus refugos
Que abrasam teus ligamentos.

Os fogos que te queimam
O refluxos dos gametas,
A vida que vai
E teima em devires
A vida que vem
Em outras metas.

Emenda um soneto
Compondo um cancioneiro
De uma outra ribanceira.


Rememore as cismas
Deixe os abismos
E seja somente um ribeirinho.

 
  

domingo, 9 de março de 2014

Noturno









 

Noturno
Sem Finlândia

Noturno
Pode ser seu fim do dia

Por uma poesia.


Pode ser as sombras da sua persiana
Climatizando a varanda

De palavras brandas...

Pode ser uma linha apalavrada com seu melhor amigo
Com uma caneta correndo correções,

Uma caderneta aonde o único número é uma loja de refeições.

Noturno se não existe... - noite
Tanto como o boicote da luz

Que não entra pela esquadria de alumina

Tanto como moleques que jogam bola na quadra n15
Tanto o trio que toca jazz asteca na cidade do México. 

 

 

 




                           
 

Quando for mestra sua presença










Peleja nos meus olhos!

Eleja-me

De sumos ou nomes

De ondes e quando?

Pela porta - entre sempre

Quando for mestra sua presença

E eu seu fiel princípio.

Os olhos pelas frestas

As mãos pelo piso e

Os pés dançando arestas que nunca fecham.

 

A arte de sumir: escrevendo



 

 

Resenha por Fernando Andrade

 

O corpo é uma pele tão cheia de toques e afetos que na memória do seu dono(a), ele ou ela tem um arquivo de sensações friccionadas por mãos que já alisaram a pele\ página. O corpo produz textos vistos ou não pelo outro, e o escritor seria nada mais que uma pele incorpórea que cria um périplo de enredo que enreda quem os lê. Mas se este autor não consegue ser um corpo exposto ao frenesi de um público que o consome? Em MR. Gwyn do autor italiano Allessandro Baricco pela Alfaguara, o romance redireciona o autor contemporâneo nas interfaces da arte; nas imbricações dos modelos de produção artística. A exposição é um dilema para quem (não) suporta um (a)pagamento do sucesso. E assim o senhor Gwyn resolve escrever um artigo para o Guardian com 25 tópicos explicando seu desaparecimento de escrever romances. Aluga um estúdio e compra uma quantidade x de mini lâmpadas que serão usadas como duração de tempo do retrato até elas apagaram completamente. Bota um anúncio e diz que é copista fazendo retratos narrados. O cliente chega e se desnuda, ficando a vontade para circular, andar, deitar, dormir. Paga um preço alto pelo retrato do copista. Mas a palavra é restringida, ao menos por enquanto. O conteúdo do retratos ao leitor é vedada a significação. Cada sessão dura por volta de 4 horas. A sua primeira modelo é uma secretária que trabalhará para ele, e será ela a unir as pistas ocultas em torno do futuro desaparecimento físico de Mr Gwyn.

 O texto é todo cheio de reentrâncias e buracos de sentido eclipsados que só mais na frente serão preenchidos por revelações sobre este projeto do escritor. A falsificação seria uma forma de “embuste” ou de prerrogativa para o artista se despossuir do mundo? O livro começa então a usar a arte como gancho de apagamento do sujeito; mas um apagamento apenas das suas impressões digitais, ele continuaria existindo no subterrâneo, nos disfarces de persona, de gêneros também. A classificação talvez para todos que lidam com a arte seja o maior dificuldade de enfrentar o outro, este outro na forma de jornais, TV’S e leitores.       

terça-feira, 4 de março de 2014

Yuri em Kiev











                     

Uma tensão no dia
Melhorando de uma vez.
Uma contensão dos diabos!
Para o final do mês, sem te(Levi)são.
Uma intervenção em Kiev
Depois de um inverno brabo
Enquanto Yuri faz mestrado.
Uma estória breve, um fim diabólico
Enquanto Yuri volta à estrada.   

A peleja do verbo com o substantivo












                                      
Pelejo em não ser substantivo!
O substantivo não gostou e altivo
Só vejo uma saída: uma peleja contigo verbo insolente!
O verbo torceu a cara e disse eu sou a 1 pessoa e muito singular!
Enquanto tu é um nome que não age a não ser quando é efetivo nome ente.
Para ser ágil e assertivo
Será preciso conjugar em todas as pessoas
Pois comigo eu não sou frágil em lidar com os plurais!
E você o que leva da vida a não ser uma definição.
Enquanto eu sou a afinação das viagens dos personagens
Eu estou no teatro, eu fico agindo nos filmes de Hollywood!        

domingo, 2 de março de 2014

A ideia é encontro











                                        
 

Quem o (i)deia
Não sabe da madeira
Ela é ao mesmo tempo
Polida nas mãos de um artesão
E um artefato numa lareira.
Quem não conhece a versatilidade da lenha?
Em noites de muito frio nas estepes
Quem não sabe do marceneiro moldando-a de um pedaço de tronco?
Não se pode odiar uma madeira que muda  
A ideia é encontro...