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terça-feira, 31 de dezembro de 2013

Poema da casa aberta











                                     

No caminho que encurto
No corte de cabelo curto
No pensamento que tenho fortuito
No gostar de ti muito
No estar afoito pelo carinho de ti
Na sala de estar fica um minuto
Na parede uma cortiça
Uma raiva que me deixa puto
Na casa um castiçal,
Na sala um luto,
Na cozinha a serviçal
E nas ideias que eu reluto
Vou pela alameda pisando descalço e feliz.

  

domingo, 29 de dezembro de 2013

Palavreado poético










                                             

Tentáculos à quatro doidivanas em parto
Tentar fazer a cena tentar imitar o Arto Lindsay
Cego em Los Angeles Sei... diz o ator de cinema
Cedo eu vi genes o começo a gênese
Tentáculos de Alô óculos do sepulcro
Ócio em cios e maionese Iguanas em tele\cinese
Doida de quarto Tentar irritar o Arto Lindsay.
  

terça-feira, 24 de dezembro de 2013

Transe com a derme










                                          

Paquiderme
Derme aqui ferve!
Derme me revele
Quando o amor não repele.

Paquiderme quis aqui um lugar: ermo
Um tê-la uma pergunta e um tempo
Uma questão arguta para um atropelo
Pois de zelos a dermatologia tem um termo - amor adere a pele.    

Lume de estrelas











 
   

 





                                  
 

Lume de estrelas

 


Hoje vi um céu degrade
E deste céu um sol grande
E com raios sorridentes.

Hoje eu vi um homem atrás das grades,
Este homem não tinha sol nenhum
A lhe aquecer os dias dentro da cela.

Hoje eu vi um
Ou mais frades tentando esquece-la,
Eles rezavam uma novena

Para tirar dos seus desejos,
Mas os desejos deles são internos,

Gostam de uma grande quantidade de zelos, prazê-los.

Mas eu vi o céu e ele tinha cores hermas.
Tudo que havia eram só estrelas.   

 

Poema por Fernando Andrade

 

 

 

 

 


 

 

 

 

 

terça-feira, 10 de dezembro de 2013

Dos dedos ficou o gesto







                            
 


Perdeu pequeno
Dos dedos ficou o gesto.

Cresceu e ficou perto
Do que pode ser a próxima.
Revelou a casa e a máxima
Aproximação contigo,
 
Cresceu e ficou de amores
E praticou a caça e o vinho.
Subiu em árvores e colheu flores
Para dar a ela.

Escreveu uma longa narração
Pintando os setes,
Descendo a rua de patinetes
Falou, berrou e fez arruaça
Saiu no carnaval pedindo uma cachaça.

 

Breve aprendizado do amor









                            
 


No decorrer do pelo
Tem um atropelo.
No correr da pele
O seu zelo o teu amor.
Física atração
Nos dedos, toques e mortes.
Física percepção do amor
Penetração e retratação dos elementos.
Como foi amor? Se a morte nos prendi ou preveni
Nos comunga em todos em parte no complemento
No tempo de um nó de nódoa
A certa aprendizagem

Viços









                   
 

 
Viços não são vícios,
Viços agigantam-se quando bem previstos;
São braços que enovelam-se
São proteções  em  precipícios.

Porte-se de viços pelas peles
Da outra sempre que der os seus princípios
Por que viços gostam dos inícios,
Sente-se vistos em seus novelos de amor juntado.

É de novelos que são precisos os viços;
Ficam mais bem ouvidos nos discos
Da sua vida, também nas coleções dos seus livros.
 

 

 

segunda-feira, 28 de outubro de 2013

Verbos eslavos

















                                                 
Fale uma língua morta
Mesmo quando fadá-la.
Tropece nos verbos
Será que verbos eslavos?
Agitam-se na sua boca.

Faça o sinal da cruz,
Faça das mãos
Uma dormência boa,
Alimente os chãos
Com crustáceos
E quando amar
Não tenha receios.

Revogue uma revista vogue
Cruze mares até estar em baleeiros
Use as arestas para seu dia altaneiro.


sexta-feira, 25 de outubro de 2013

Poema da Tolerância















                             
Alto lá!
Alá à toa?
Fala alto!
Que a legião
Está na região...
Procurando adeptos (quantos?)
Que tenham a mesma religião!
Que falem nunca de lembranças,
Pois lembranças são grãos da memória
Precisam da estrada como de uma estória.
Podem ser negras ou brancas,
Serem majoritárias ou minoritárias,
Podem ser regras os refrões de miçanga,
Serem a graça não importando o Deus.


quarta-feira, 23 de outubro de 2013

Deixe a porta para seus espíritos dançarem











 Você já viu uma evasão
                       Ter razão?
Quando você sair deixe a porta
Para seus espíritos dançarem.

Todos portam
Diplomas e ilações.
Todos quando estão bem
Comportam-se direitinho.

Na sua escrivaninha uma coleção de selos
Para mandar para Porções,
Um lugar assim deve servir parcimoniosamente
A sua pressa em sair daqui.
Eu vi a sua saída pela entrada
E vi também que compraste algo na quitanda
Pronto para absorver o que quer da sua estrada.


terça-feira, 22 de outubro de 2013

Meu tempo é infante
















                                                 

Eu pulo o tempo
Se hoje é hoje
Meu tempo é infante
A cada segundo
Eu vislumbro o horizonte
Em cada frame
Um mundo em meu nome.

Caí na brincadeira
Inflamei a fonte
Levantei cedo
Trabalhei o fundo do que posso
A cada medida
Que seu medo possuir
Diga hoje é hora de ruir
As impossibilidades
Por que todo sonar
Aparece na tela
Dos seus olhos
Dos seus sonhares. 

domingo, 20 de outubro de 2013

Tropicalismo










                   
 Erva se armou e mate
 Enervou tanto que até
 Pegou nervoso
 Ervilhas caíram da mesa
 Quantas caíram
 Na sua matemática?
 Vá às ilhas e entregue a alguém
 As vasilhas,
 A dor desceu para as virilhas
 O barco desembarcou nos olhos
 De quem tinha lágrimas salgadas
 Por que deste sal também se faz molhos de tomate.  

Navalhe a estória













Valha-me o seu tempo
Navalhe a estória, retalhe-a.
Trabalhe sua memória.
As frases foram soltas
Aos leões
Para que os aldeões
Espalhem o mito;
A estória corre para o rio;
Um lobo as conta em porões
Para que passem do interdito ao rito. 



                         

quinta-feira, 17 de outubro de 2013

Espaço (ex)condição












                                              
Pra localizar
O seu local
Pra sair da toca
Um pouco de cal
Pra achar
Se agachar ali
Para coaxar
Aparar silvo
Pra calar
Habitar vozes
Meses onde verbo está?
Se o tempo é localizável
No seu espaço sideral
Perca a sua gravidade
O plano é estável.

segunda-feira, 14 de outubro de 2013

Pelo derredor do Estado de Arizona











                          
Alguém menos
Honesto sublinhou
Seu nome e o alinhou
 Aos grandes gestos da Humanidade.
 - Como um personagem
Apanhou nos campos de centeio.
Viu um homem lento
Que tinha lombalgia
 E mesmo assim trabalhava
Em montes de canteiros
Colhendo fé e algumas notas de dinheiro,
Pois o Capitalismo na época atalhava
Um espírito empreendedor,
Fazia de horários uma longa faca
Que entrava na barriga do operário
E ele não tinha mesmo o que fazer
Do que gemer de dor
E saiu do trabalho e foi mesmerizar no campo
Andar pelo derredor do estado do Arizona
 Se embrenhar nos desfiladeiros
Olhar o vazio que tem por dentro
Quando descalço pisava em pedrinhas friccionadas.

domingo, 13 de outubro de 2013

Descortinado mundo admirável













                                               
Lá aonde lava acetina Love
Lá aonde cedo se demove
O céu descortinará
E as estrelas movem
Vontades e desejos.

Lá aonde se livre - nascerá
Os filhos novos
Que gostam de estória,
Que ouvem
As fantasias do sonho.

Lá aonde o enlevo
Cobre a relva,
Cobre a selva,
Vem ventania e leva a memória
Para outro lugar,

Descortinado mundo
Admirável.

quarta-feira, 9 de outubro de 2013

Poema dos anseios











Uma ação física
Adentra
Uma canção lírica.

Uma correção crítica
Entra na direção
De um poema inacabado.

Uma coerção cínica
Acabou num romance
Sem nenhuma ereção.

Um coração em transe
Semiológico
Para alguma secreção cênica.

Uma calefação nos anseios
Tira dos freios
As frações da palavra.



  

Pai e Filha










                           
Andar de bêbado
Velocípede solto
Leite e pão na venda
Andar de bicicleta
Emprego em oficina
Soltar pipa na piscina.

Um grande almoço
O primeiro contato
O boletim que a professora assina
O negócio falido
E o sócio pilantra

O carpinteiro e a resina a colar
O sorteio e a prenda
A carta que veio e traz um aviso protocolar
O pai com câncer depois de uma cirrose
Deixa o lar
Vai para Cintra
A moça aceita o casamento
Casa-se no dia trinta de Abril.

terça-feira, 8 de outubro de 2013

Perguntas de restauração










Por quê?
Quis
Aqui está!
Por qual?
Quererá
Perdeu, será?
Onde se qualificará?
No Paquistão
Ou aqui no sertão.
Por quase ficará
Por alguns dias aqui
Aqui por alguns quis
Ser por tão
Pouca questão
Ou suportar um cristão
Que por alguns conhaques
Tornou-se um sacristão.

domingo, 6 de outubro de 2013

Nervo











Agora calmo
Depois de nervoso
Nervo pede alma
Saiu você
Nervo ficou só
Era você a matéria.

Loucura
Noutra freguesia.
Por que precisa
De outra incisão
Do corte da alma
Que sai trevosa
Por falas desconjuntadas.

E o nervo amalgama
Uma gama de estórias
De prosas descontroladas.
Ah! loucura
Excita o nervo ótico;
Fica tudo exótico:
Todas as memórias recitadas.

Bons adereços do coração










                        
Que o tato e altivez declamem
Uma atração e uma vez mais amem
Os bons adereços do coração.

Que inata bondade também
Tenha seu dom em horas sãs
Para uso da liberdade
E que esta seja uma boa religião.

Que os homens nomeiem suas mulheres
E só de conhecê-las
Os amores (de) cantem
Que o espaço dos dois seja ciranda de flores
E que estas estejam na cabeça do homem.

Que os poucos homens achem suas fêmeas,
Que os loucos achem sua meã culpa,
A noção do outro se ache do facho ao lume.

Escrevo você porque é um não ser
- um fruto da imaginação!
Linhas escritas são anticorpos onde não brota o câncer.
Onde faço palavras aponta-me um servo
Que não servil e nem me pede desculpas.







sexta-feira, 4 de outubro de 2013

Poema dos Encontros








                         
Tá a fim
Parte para o começo
Caiu
Levante
Depois do tropeço
Caiu o sol
Espere anoitecer
A noite pode ser
           Um (re) começo
Deu linha
Pode ser o peixe
  Ou então deixe
                    Acontecer
   
Partiu todos: arregimente
Gostou disso: experimente
Tá a fim tece o amor tecelã
Tece a mente para seus amores
Ofereceu Ok sim por amor merece
Aqui estão as flores
As cores dela não arrefecem
Por que seus olhos estão feitos sementes
Brotam do olhar de cem turbilhões de afeto.
                           



quarta-feira, 2 de outubro de 2013

Esta poesia: parece azul ou lilás







                         
                             
                                        
Voa
Vamos
Volatizar
Esta musa
Quando somatiza
Os tons
Os sons.
Voa lá
Dos lábios
A música
Em lágrima
Quando compõe
Quando dispõe
A cantar
Canções
Ou catar
Minhas rimas
Que voam
Por céus plissados
De véus alisados.
Vem ver que cor
Tem esta poesia
Parece azul ou lilás.

terça-feira, 1 de outubro de 2013

Cambalhotas do sentido













                                      
Dar o ar da palavra
No som alarga
O ouvido à adição.

Ver o sentido,
Sentir o prurido
De um eco
Ecoando.

Eco Banda
 Pala ala  umbanda
Tocando tambores
Também em bolores
Em pinotes dando
Cambalhotas

Cambalhotas
Em senhores
Empenhados
Em penhascos
Em asco
Por toda porta
O sentido fiasco
Daria o ar da sua versátil
Significância. 

sábado, 28 de setembro de 2013

Poema da feitura












                                
Em cada linha
Um terminal a lápis
Em cada tira
Um quadrinho na pista
Em cada página
Uma cápsula de cor
Em cada ilustração
Uma personagem em de fenestração
Em cada movimento
Uma tinta sedimenta cores
Em cada frase
Um sinônimo de flores
Em cada posto de gasolina
Um recorte de cartolina
Assim vão-se os nomes
O mesmo para os conceitos
Que são aceitos
Em seus textos
             Retratos 3 por quatro 
             Peças em quatro atos
             E Desenhos de Aquarela.
              

sexta-feira, 20 de setembro de 2013

Cartesiana












             Cartesiana
Não é sua arte,
Nem seu mote.
É a urdidura do sem tempo
Que dura até sua sorte.

Pense em uma linha que trace
Um horizonte à fonte.
Ela alinha
Dois lugares
Que nunca se tocaram antes.
Não é o mesmo que seu romance?