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sexta-feira, 6 de junho de 2014

Nada tema


Antes tema do que nada

Não há vício no medo, preso o vício.

Exatamente o tema é o pesadelo (estar vivo) 

O nada é mistério, o nada não se afoga, (não pode)

 

O tema é a estória, a estrada aonde o nada desafoga

Antes tema o seu delírio que é a fantasia do olho 

O seu olho é um (tele)fonema visual com seu amor

É um teorema para a experiência que é o nada tema.

segunda-feira, 21 de abril de 2014

Coletivo









Desloca(u)mento de
Passagem via transversa no
Corredor vai só coletivo:
Um livro uns versos uns personagens, eles
Deslocam-se em caimento literário e
Saem do livro em conversa por tanto
Buscam a vida em sentido anti-horário e
Caem em transi ativo direto só
Nos resta a leitura dos sonhos?
De um desterro como uma arma (d ilha)
Sempre pronta a hostilizar o caminho....

domingo, 20 de abril de 2014

Um andar parado






                   
Um andar parado
Dá para você se mover
Mover você até o céu
É só olhar para cima.

 
Não é tanta a distância
Para seu peso e sua alma
Se o pensar é uma instância 
Para o prolongamento dos seus pés.


Quando eles não o testam
Tu és a imaginação
No deslocamento do seu olhar.

 
Se desloque em qualquer das vezes
Pois os olhos são registros da sua passagem.

 

 

 

sexta-feira, 18 de abril de 2014

Poema Plasmático




                      
Aonde vamos?
Nos círculos
De amizades íntimas

Aonde amamos?
Nas folhas em A4 ou nas mínimas escolhas.

Aonde moscamos?

Em certos ridículos, em certos vexames

Onde encanamos?
Nos raciocínios mentecaptos, nas ideias inaptas

Aonde cantamos?
Nos festivais da canção, nos eucaliptos de hortelã

Aonde Plantamos?
Nos olivais, nas delegacias com boletim de ocorrência

Qual é o limítrofe?
De uma experiência em dúvida entre os lobos que acionam suas patas
És estrofe de um poema plasmático?
Desobstruindo engates, dissolvendo plástico, o que leva-se em 1000 eras?

 
  

Área de serviço





                 
Era o momento de Ana defecar. Ela não queria paredes do banheiro a isolando deste ato. Pensou em um local, não conceitual, que não tivesse uma função: como uma cozinha onde se prepara a comida. O local mais perto da cozinha era a área de serviço. Ao mesmo tempo o local de botar o lixo, secar as roupas no varal, espaço para a lavadora. E também era devassado por que tinha um área aberta para os vizinhos. Ana queria evacuar na claridade da luz matinal. O ideal seria que raios solares batessem na sua pele, enquanto agachada deixava que o esforço da expulsão das fezes se fizessem. Botou sua camiseta para que não olhassem seus seios - que tinha escrito merda que no teatro significa boa sorte. Agachou e fez uma leve força com esfíncter anal para expulsar as fezes. Do lado dela um rolo de papel que ela trouxe do banheiro. Em cima da sua cabeça uma gaiola com um canário preso e pulando de poleiro em poleiro. Ela trocava a sujeira de fezes e alpiste jogado pelo menos duas vezes por semana. Tinha também um cachorro que levava para passear e fazer as necessidades dele no jardim da praça. Se eles podem, por que eu não posso? O cocô estava saindo, duro em bolas sólidas. Aquilo lhe veio à mente quando era criança e costumava olhar o cocô cair na água. Lhe agradava esta expulsão de um bolo fecal, era um misto de aflição e prazer quando a merda saia do ânus. Limpou-se com o papel e botou-o num saco de super- mercado. Deu nó no saco e deixou-o ali do lado da lixeira. Foi ao banheiro e entrou no box para lavar aquela região. Deitou-se na cama com a camiseta dizendo merda.
 Estava quase dormindo quando sentiu um comichão na entrada do ânus. Parecia um dedo alisando aquela região das pregas. Por um momento pensou que Paulo tivesse voltado e se escondido em algum canto do quarto. O dedo ia alisando as pregas e as paredes internas das nádegas. A ideia de relação estava descartada, pois ela estava só naquele quarto, mas o contato era tão nítido e real que ela achava que aquilo era quase uma preliminar para um coito. Pensou em algum minúsculo bicho que tivesse entrado na área da sua bunda e ali tivesse ficado. Agora passeava nas suas pregas. Não sabia se deixava aquela natureza sondar suas zonas ou se tomava a inciativa de uma masturbação. Resolveu fechar os olhos e deixar que a imaginação coordenasse a ação do invasor junto com ela. Havia uma cheiro de rosa que ela sentia cada vez mais impregnado. Uma ideia de um agricultor lhe veio à mente. Plantando um jardins de rosas, ela ficou maluca, por rosas tinha loucura.         

 

 

 

 

quarta-feira, 9 de abril de 2014

O novo convívio





       
Ali havia uma ratoeira com uma isca dentro: um delicioso pedaço de queijo. De todos os móveis de dentro do apartamento a ratoeira era para o condômino de 203 o item mais importante do apartamento. Pegar ratos para domestica-los. Dar a noção de espaço longo a estes seres degredados e banidos em buracos e lugares sujos. Depois de presos eram recondicionados a usar a liberdade de formas mais profícuas com o meio social. A cada rato solto o condômino dizia ao roedor – aproveite a hospitalidade da casa. A liberdade garantida para o movimento solto e curioso do bicho fazia-o esquecer de seus hábitos e vícios. O fato de ter total liberdade de convívio com quem lá chegasse fez cada um olhar-se no espelho e readquirir um nova auto - imagem. O convívio social porém foi feito aos poucos, a comida dos ratos ainda eram separadas dos moradores. Seus modos de comer ainda causavam repulsa principalmente em visitantes que quando chegavam ao 203 ficavam com alguma cerimonia de aceitar um simples copo d’agua.

 O morador avisou ao chefe dos roedores que eles não poderiam ficar ali, só comendo sem nenhum comprometimento profissional. Desde então foram treinados para exterminar as baratas que assolavam o 203. O que se via era uma longa caçada de roedores em busca de uma provável nova cadeia alimentar e uma profissão: Dedetizadores de baratas. Em dois meses o índices delas abaixou drasticamente, e não era raro eles até assistirem aos desenhos animados da Disney junto com as crianças. Através do convívio social adquiriram uma tendência ao humor e as piadas, e não era raro entres eles ridicularizarem um ao outro em um algum aspecto idiossincrático. O morador do 203, preocupado, com o aumento de conhecimento humano dos roedores resolveu retirar da sala os livros, romances; ensaios de filosofia e psicanálise para um sótão, lugar aonde eles tinham vindo e provavelmente não gostariam de voltar nunca mais. Trancou com uma chave e disse ao rato chefe que ali havia uma peste como aquela descrita no livro do Camus e que eles seriam extinguidos se lá entrassem. Em um determinado ponto de suas consciências, a dúvida assomada a curiosidade começou a pressionar as mentes principalmente dos mais jovens. Começaram a ter reuniões clandestinas para tentar entrar no sótão e ver o que lá era tão proibido. Começaram a fazer estudos de caminhos que pudessem levar até o sótão aos poucos, eles foram desaparecendo do 203. O dono às vezes chamava pelo nome de algum e só recebia silêncio.             

   

 

domingo, 30 de março de 2014

Uma questão de extensão










                              
Na horizontal
Cabem duas talvez
E mais um desejo exprimido.

Na vertical
Cabem um pé de cada vez
Com o outro na sola - doendo como um calo
Fazendo com que este não caiba de comprido.

Cabem na horizontal uma calça em cima da cama
Mais uma saia quadriculada mas não se sabe o quê?
Estas duas talvez a vistam e não sabemos o por quê

Cabem na vertical
Uma longa estante com livros gramaticais
Até o céu
E não se sabendo se estas duas tem religião
Freud explica as intermitências do eu  
Na terceira prateleira com alguns poemas em haicais.