Era o momento de Ana defecar. Ela não queria
paredes do banheiro a isolando deste ato. Pensou em um local, não conceitual,
que não tivesse uma função: como uma cozinha onde se prepara a comida. O local
mais perto da cozinha era a área de serviço. Ao mesmo tempo o local de botar o
lixo, secar as roupas no varal, espaço para a lavadora. E também era devassado
por que tinha um área aberta para os vizinhos. Ana queria evacuar na claridade
da luz matinal. O ideal seria que raios solares batessem na sua pele, enquanto
agachada deixava que o esforço da expulsão das fezes se fizessem. Botou sua
camiseta para que não olhassem seus seios - que tinha escrito merda que no
teatro significa boa sorte. Agachou e fez uma leve força com esfíncter anal
para expulsar as fezes. Do lado dela um rolo de papel que ela trouxe do
banheiro. Em cima da sua cabeça uma gaiola com um canário preso e pulando de
poleiro em poleiro. Ela trocava a sujeira de fezes e alpiste jogado pelo menos
duas vezes por semana. Tinha também um cachorro que levava para passear e fazer
as necessidades dele no jardim da praça. Se eles podem, por que eu não posso? O
cocô estava saindo, duro em bolas sólidas. Aquilo lhe veio à mente quando era
criança e costumava olhar o cocô cair na água. Lhe agradava esta expulsão de um
bolo fecal, era um misto de aflição e prazer quando a merda saia do ânus. Limpou-se
com o papel e botou-o num saco de super- mercado. Deu nó no saco e deixou-o ali
do lado da lixeira. Foi ao banheiro e entrou no box para lavar aquela região.
Deitou-se na cama com a camiseta dizendo merda.
Estava quase dormindo quando
sentiu um comichão na entrada do ânus. Parecia um dedo alisando aquela região
das pregas. Por um momento pensou que Paulo tivesse voltado e se escondido em
algum canto do quarto. O dedo ia alisando as pregas e as paredes internas das
nádegas. A ideia de relação estava descartada, pois ela estava só naquele
quarto, mas o contato era tão nítido e real que ela achava que aquilo era quase
uma preliminar para um coito. Pensou em algum minúsculo bicho que tivesse
entrado na área da sua bunda e ali tivesse ficado. Agora passeava nas suas
pregas. Não sabia se deixava aquela natureza sondar suas zonas ou se tomava a
inciativa de uma masturbação. Resolveu fechar os olhos e deixar que a
imaginação coordenasse a ação do invasor junto com ela. Havia uma cheiro de
rosa que ela sentia cada vez mais impregnado. Uma ideia de um agricultor lhe
veio à mente. Plantando um jardins de rosas, ela ficou maluca, por rosas tinha
loucura.