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sexta-feira, 18 de abril de 2014

Área de serviço





                 
Era o momento de Ana defecar. Ela não queria paredes do banheiro a isolando deste ato. Pensou em um local, não conceitual, que não tivesse uma função: como uma cozinha onde se prepara a comida. O local mais perto da cozinha era a área de serviço. Ao mesmo tempo o local de botar o lixo, secar as roupas no varal, espaço para a lavadora. E também era devassado por que tinha um área aberta para os vizinhos. Ana queria evacuar na claridade da luz matinal. O ideal seria que raios solares batessem na sua pele, enquanto agachada deixava que o esforço da expulsão das fezes se fizessem. Botou sua camiseta para que não olhassem seus seios - que tinha escrito merda que no teatro significa boa sorte. Agachou e fez uma leve força com esfíncter anal para expulsar as fezes. Do lado dela um rolo de papel que ela trouxe do banheiro. Em cima da sua cabeça uma gaiola com um canário preso e pulando de poleiro em poleiro. Ela trocava a sujeira de fezes e alpiste jogado pelo menos duas vezes por semana. Tinha também um cachorro que levava para passear e fazer as necessidades dele no jardim da praça. Se eles podem, por que eu não posso? O cocô estava saindo, duro em bolas sólidas. Aquilo lhe veio à mente quando era criança e costumava olhar o cocô cair na água. Lhe agradava esta expulsão de um bolo fecal, era um misto de aflição e prazer quando a merda saia do ânus. Limpou-se com o papel e botou-o num saco de super- mercado. Deu nó no saco e deixou-o ali do lado da lixeira. Foi ao banheiro e entrou no box para lavar aquela região. Deitou-se na cama com a camiseta dizendo merda.
 Estava quase dormindo quando sentiu um comichão na entrada do ânus. Parecia um dedo alisando aquela região das pregas. Por um momento pensou que Paulo tivesse voltado e se escondido em algum canto do quarto. O dedo ia alisando as pregas e as paredes internas das nádegas. A ideia de relação estava descartada, pois ela estava só naquele quarto, mas o contato era tão nítido e real que ela achava que aquilo era quase uma preliminar para um coito. Pensou em algum minúsculo bicho que tivesse entrado na área da sua bunda e ali tivesse ficado. Agora passeava nas suas pregas. Não sabia se deixava aquela natureza sondar suas zonas ou se tomava a inciativa de uma masturbação. Resolveu fechar os olhos e deixar que a imaginação coordenasse a ação do invasor junto com ela. Havia uma cheiro de rosa que ela sentia cada vez mais impregnado. Uma ideia de um agricultor lhe veio à mente. Plantando um jardins de rosas, ela ficou maluca, por rosas tinha loucura.         

 

 

 

 

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